gua Clara/MS . 06 de Junho de 2025 4h2z5o
24/04/2023 as 10h29 / Por ()
Eduardo Riedel fala dos desafios de seus primeiros meses de istrao, entre eles, investimentos na rea da celulose, BR-262 e outros
Foto: lvaro Rezende/Divulgao
Prestes a completar quatro meses frente do governo de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel j vai implementando sua marca na gesto estadual. Nesta semana, ele deve anunciar novidades que esto ligadas a programas sociais e de infraestrutura.
Mas Riedel tem temas mais complexos para resolver. Um deles a concesso de rodovias e de ferrovias federais, que no podem ser um entrave para a logstica de Mato Grosso do Sul.
Ele tambm tem dedicado esforos para implementar uma poltica pblica que reduza o temor da violncia nas escolas. Quanto ao meio ambiente, est trabalhando em um projeto que concilie o apelo para a preservao do Pantanal e o desenvolvimento dos municpios que esto em seu entorno.
Apesar dos desafios, est otimista e acredita que, ainda em seu mandato, mais uma gigante da celulose anunciar investimentos bilionrios no Estado e que a unidade de fertilizantes da Petrobras (UFN3) ser retomada.
Como est a relao do PSDB com o aliado PP? A gente percebe que o PSDB hoje um partido consolidado no Estado, o que tem mais prefeituras, e que o PP tem um plano de avanar. Como mediar essa disputa por espao dentro da aliana?
Acho que foi at por isso que o Marco Aurlio Santullo [presidente do PP] deixou o governo. Foi para liderar esse processo poltico no PP, justamente para ter o ponto focal: a pessoa que possa sentar com o presidente do PSDB, com a diretoria do diretrio do PSDB, e discutir essas alianas no mbito municipal, n?
Est sendo tratado na mesa de conversa. Onde a gente conseguir convergncia de grupos, timo.
Sim, mas possvel que eventualmente possa haver disputa entre PP e PSDB em alguns municpios?
Pode ser que em alguma cidade tenha uma disputa, mas sempre com um padro tico. A disputa natural, a democracia isso. Portanto, essa aliana est sendo tratada de uma maneira tranquila, natural e com dilogo.
O debate sobre o possvel avano das monoculturas no Pantanal tem ganhado escala, ao mesmo tempo em que o bioma tem aumentado sua projeo mundial, seja pelo apelo ambiental ou turstico. Como o governo est lidando com isso?
O Pantanal um bioma nico, tem uma biodiversidade muito grande e muito representativo para todo o territrio de Mato Grosso do Sul: tem quase um tero do nosso territrio e tem de ser tratado sob essa perspectiva.
um grande ativo que Mato Grosso do Sul tem e tem de ser explorado da maneira correta.
E qual seria essa maneira? Plantando soja no Pantanal? No. H quem fale de determinadas culturas no Pantanal, mas elas so inviveis pela natureza do que o bioma.
A gente tem de adotar os mecanismos de proteo, de garantia que essa riqueza, que essa biodiversidade desse bioma seja mantida, mas com respeito e garantindo a viabilidade das pessoas que moram l. Mas, claro, a gente no pode esquecer que o bicho homem est l dentro, que o pantaneiro, e que h uma cultura por trs disso.
E essa cultura, a habitao humana, que muitas vezes garantiu o Pantanal estar do jeito que est. Ento temos todos de tomar um pouquinho de cuidado. Quando se fala em fazer estrada no Pantanal, h pessoas que dizem: Sou contra estrada no Pantanal. Mas e as pessoas que esto l? Essas so obrigadas a ficarem isoladas?
A demorarem trs dias para chegar a uma cidade mais prxima? Ento, at nos lugares mais remotos do mundo necessrio ter o mnimo de infraestrutura, de maneira adequada, sem poluir, com energia renovvel.
Tudo isso deu condio para as pessoas que esto l terem o mnimo da maneira correta. Essa foi a viso que tivemos, por exemplo, com o Ilumina Pantanal, que um projeto que se viabilizou da maneira correta, adequada, sem poluir, com energia renovvel, e deu condio de as pessoas que esto l terem o mnimo.
Essa a viso em relao ao Pantanal e a diretriz que vamos assumir enquanto poltica pblica.
E quanto poltica de zoneamento agroecolgico? Ela j existe? Como o Estado encara essa possibilidade de haver monocultura no Pantanal?
Temos diferentes pantanais, e essa uma discusso pertinente. H um peri-Pantanal. Temos tambm o Pantanal da Nhecolndia, o Pantanal do Abobral, do Nabileque, l em cima, depois do Taquari.
E em uma grande parte do Pantanal no cabe nenhum tipo de atividade agrcola em escala. Nem que se queira, economicamente invivel, impossvel.
A temos uma regio do peri-Pantanal, que est prxima ao Pantanal, mas em que existem algumas iniciativas, porque o risco alto, a tecnologia no dominada. Pelo fato de isso ter acontecido agora, gera toda uma discusso em torno da agricultura, e essa discusso legtima.
O governo tem de estar atento a isso, e ns j estamos trabalhando e estudando em cima dessa discusso para garantir que o Pantanal tenha sua preservao. Para que isso no ocorra, no se expanda nessa regio.
Mas j h plantio de soja em rios da Bacia do Rio Paraguai. O que necessrio ento uma delimitao?
Sim, temos duas grandes bacias, a do Rio Paran e a do Rio Paraguai. Para o sudoeste do Estado temos Jardim, Caracol, Bela Vista, Guia Lopes, Anastcio. A agricultura cresceu nessas cidades. Agora, de fato, o manejo nelas diferente.
Sim, e no caso de Bonito, por exemplo, tem a preocupao com o turismo, tivemos o problema do turvamento das guas...
Os setores tm de dialogar. Temos de ter muita rigidez com plantaes em Bonito, com tecnologias de manuteno do solo. Tem de ser plantio direto, tem de fazer curva de nvel. No se pode abrir mo disso. E a fiscalizao tem de estar atenta a isso.
Agora fazendo uma ponte para o Parque das Naes Indgenas e o Bioparque. O que vocs tm em mente? Fazer um parque que agregue atraes pagas e gratuitas, culturais, cientficas e esportivas?
A ideia criar um espao multicultural. Um espao que faa meno e uma homenagem ao nosso bioma Pantanal. O Bioparque j algo muito forte nisso, n? Mas que a gente traga todas as influncias culturais para dentro desse parque, desse complexo, um atrativo, n?
Das mais diversas naturezas ali. Pretendemos entregar para quem sabe fazer, para quem conhece do assunto, sem tirar do cidado um espao que de uso gratuito. Se a pessoa quiser correr, vai l, no vai ter problema nenhum.
Ah, mas e se ela quiser andar de roda-gigante" />
E o edital, sai ainda neste ano?
De repente possvel. Essa uma parceria nossa com o BNDES. O BNDES esteve aqui com toda a sua diretoria, amos dois dias trabalhando com a equipe, tive uma reunio com eles.
E eles j esto definindo quem vai fazer o estudo. Ser uma licitao internacional, por isso agora eles vo fazer o estudo de viabilidade para ns colocarmos em leilo l na frente. Acho difcil executar neste ano, mas a contratao do estudo, a execuo do estudo, sai, sim.
Ento, quando se faz o estudo, como mostrar um diamante bruto a ser lapidado, que pode gerar um x de rendimento para quem se interessar.
A se escreve um edital baseado no estudo e vamos para a concesso, para o leilo com o edital. Mostramos ao mercado, fazemos uma audincia pblica. H todo um procedimento a ser seguido.
No Bioparque, vamos continuar com uma linha forte de pesquisa e de educao. No vamos abrir mo das escolas pblicas estarem presentes, visitando. Mas ele integra todo o estudo para o parque.
Neste ms de abril, vimos uma escalada da violncia escolar pelo Brasil. Como voc enxerga esse problema? Tem de envolver toda a sociedade tambm?
O que eu acho que o poder pblico tem de ar uma mensagem e liderar um processo de essa mensagem chegar sociedade, para que ela d a ateno que esse problema requer. O poder pblico no vai resolver essa situao, o que vai resolver uma conscientizao coletiva.
A, a partir dessa mensagem, que tem de ser poderosa para as famlias, para os pais e mes, e quando a gente fala em famlia tambm no somente naquele conceito antigo. Famlia o ambiente que for dessa criana ou adolescente.
para que haja uma ateno dentro desse ambiente. Estamos tratando de um fenmeno mundial, no uma questo s no Brasil agora.
H vrios elementos que levaram a isso, uma questo sociolgica muito forte e tem de ser trabalhada com as famlias, com os adolescentes, com os meios de comunicao, com as plataformas. Para situaes complexas, no existem solues simples, no ?
Na verdade, pr arma na escola no est resolvendo absolutamente nada. At falaram em pr Exrcito na rua: um monte de soldado parado na esquina fazendo o qu? Revistando crianas?
O policiamento s se faz necessrio em momentos extremos, o policiamento preventivo, e ns temos aqui um projeto fantstico, o Escola Forte, Famlia Segura.
o policiamento que se aproxima da escola, se aproxima da comunidade, dos pais, dos diretores, dos professores, dos alunos. No um ambiente de medo, um ambiente de confiana.
O processo preventivo de confiana e de construo do ambiente escolar a por esse projeto. Com o monitoramento eletrnico, ns temos uma resposta rapidssima a situaes extremas.
Como esto as negociaes com o governo federal sobre as concesses de rodovias? Em janeiro, quando tomou posse, voc havia dito que pretendia pedir a delegao de rodovias e de ferrovias federais caso a Unio no avanasse.
O governo federal est comeando a atuar em cima de alguns eixos importantes na manuteno. Os processos de PPPs [parcerias pblico-privadas] esto avanando na modelagem deles. E repito: aquilo que eles tiverem dificuldade ou no quiserem por uma questo de pensamento, o Estado tem interesse em assumir.
Ns temos o caminho da modelagem adequada, do leilo feito, o que no podemos inibir esses investimentos em funo de uma possvel demora. Agora, um ativo deles, do governo federal. Mas ns vamos insistir nessa tese.
E quanto s estradas estaduais, o que tiver viabilidade ns vamos concessionar. O que no tiver viabilidade, vamos avanando com o investimento e com a capacidade que o Estado tem.
No caso da BR-262, sobretudo no trecho que liga Campo Grande a Trs Lagoas, ela no est nos planos do governo federal, pelo menos por enquanto. Essa uma das rodovias que o governo est disposto a pegar? H viabilidade?
A BR-262 ainda no est no horizonte do governo federal, pelo menos eles no tm aventado isso. Acho que sim, tenho muita convico disso.
Ali no preciso fazer uma duplicao integral, mas um projeto bem modelado, onde h terceira faixa, servio. supervivel, e a gente deve avanar nisso.
E quanto Malha Oeste? Existe uma grande janela de oportunidade de demanda. Se o projeto de relicitao da Unio demorar, e tambm com o Marco Estadual das Ferrovias, tambm possvel pedir a delegao dela?
possvel. Essa uma discusso que a gente vai abrir. Primeiro com a ANTT [Agncia Nacional de Transportes Terrestres] e depois com o Dnit [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes]. E temos uma audincia pblica que vai iniciar o processo de relicitao da Malha Oeste.
um projeto de longussimo prazo de viabilidade, por isso ns temos de procurar entender um pouquinho o projeto para avaliar se o governo federal consegue levar adiante um projeto exitoso, de concessionar, ou se ter dificuldade. Se tiver dificuldade, ns temos de inovar.
De repente dividir o trecho, o Estado assume uma parte, e a criar outros mecanismos para viabilizar, o que o nosso objetivo. Nosso objetivo viabilizar.
Da parte estadual, o que ainda d para fazer e est previsto para ser entregue na Infraestrutura?
A gente est com rodovias em pavimentao: MS-164, MS-166, MS-316, MS-289, MS-245, MS-338. So grandes eixos rodovirios e que mudam a cara de regies importantes.
Como aqui entre Anastcio e Bonito [a rodovia do 21], que est em pleno andamento. Tem outras rodovias que vamos comear tambm. Esse o nosso trabalho, e para isso no precisa de viabilidade econmica para concessionar. o Estado investindo e fazendo.
Futuramente, podemos ter o anncio de mais uma indstria de celulose ainda em seu governo?
Em relao a mais uma indstria de celulose, possvel. No tem nada concreto, mas temos grandes players, grandes empresas olhando esse setor aqui.
E por que temos grandes empresas vindo para c? O custo de produo muito abaixo do que em outros lugares, no Brasil j muito mais competitivo que no Chile e na Europa, pelas condies que esto formadas.
E Mato Grosso do Sul, dentro do Brasil, o lugar mais competitivo de produo de celulose. Para se ter uma ideia, so US$ 289 a mdia brasileira, e aqui a metade disso, e a margem muito maior. Ento, possvel que outros players venham para c.
E tem a discusso da Eldorado com a Paper Excellence, e na hora que definir, pode ser uma segunda planta, uma duplicao. Ento, no meu mandato, possvel que vejamos o anncio de mais uma fbrica.
Agora em maio, teremos boas notcias da UFN3, de Trs Lagoas?
Quanto UFN3, foco total. Transforma muita coisa e ajuda a produo. Estou otimista e no ms de maio vamos trabalhar firme nisso.
Perfil:Eduardo Riedel governador de Mato Grosso do Sul desde janeiro deste ano. J foi secretrio de Infraestrutura e de Governo e tambm empresrio. formado em Cincias Biolgicas pela UFRJ e mestre em Zootecnia pela Unesp.
Entrevista concedida ao Correio do Estado
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